22 de junho de 2008

Pelego, s.m., Bras. Fig.



Há um termo depreciativo bastante usado no jargão sindical para se referir a líderes ou representantes que defendem dissimuladamente os interesses do empregador ao invés de lutar pelos interesses da classe: pelego. Por extensão, esse termo passou a se aplicar a todo que qualquer membro de qualquer categoria, que, de uma forma ou de outra, aberta ou secretamente, consciente ou inconscientemente, toma atitudes que vão de encontro aos interesses da própria categoria a que pertence. Por exemplo, pode-se corretamente aplicar essa gíria aos professores que se recusam a fazer greve quando a situação o exige.
Aliás, parece que professor só faz greve de fome. Mas como a maioria é constituída por mulheres, talvez pensem que é regime e já estão acostumadas mesmo. É engraçado ouvir os motivos que cada um racionaliza para não entrar em greve. A maioria porque só entraria se os outros entrassem (mas se os outros decidissem entrar, logo achariam algum outro argumento melhor para não os seguir), outros porque não se sentem pessoalmente incomodados com a lei 53.037 (e se fingem de cegos para não ver que a greve é por muito, muito mais que isso), outros porque estão esperando o sindicato fazer uma programação das atividades (como se trabalhador fosse apenas massa de manobra e não tivesse autonomia para elaborar suas próprias formas de contestação), outros porque são OFA e para não perderem o emprego não podem ter mais de 15 ausências por ano (mesmo sabendo que uma greve, direito garantido pela Carta Magna, não conta como falta ordinária), outros porque são efetivos e não pretendem fazer greve para “ACT”, “eles que sejam competentes e passem no concurso pra se efetivar” (mas se a situação fosse inversa possivelmente apelariam para a solidariedade dos companheiros), e os últimos, finalmente, porque não adianta entrar em greve sozinhos. Pelegos, pelegos e pelegos! Parafraseando aquele dito popular segundo o qual cada povo tem o governo que merece, os professores do estado de São Paulo parecem ter a Secretária que (não) fazem por merecer.

2 comentários:

simone souza disse...

Pelego..pelego..pelego...Histórica palavrinha política... que hoje, percebo - usada para denominar professores... Num impasse de contradições e falsas argumentações impedimo-nos até mesmo de expressarmos o nosso direito à expressão e engulimos em seco o analfabetismo político.Contentamos com o pouco e permitimos perdas...
Onde vamos parar?
Talvez os pelegos de décadas atrás nos mostrem resultados contemporâneos...
Simone Souza

simone souza disse...

Com atenção e forma de expressão, deixo o texto de Bertolt Brecht para que conheçam "O Analfabeto Político":

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Att,
Simone Souza