10 de novembro de 2012

Alunos evangélicos se recusam a fazer trabalho de cultura africana


Isabel Costa, diretora da Escola Estadual Senador João Bosco de Ramos Lima, de Manaus (AM), comentou que, em sete anos do projeto interdisciplinar, nunca houve a confusão que ocorreu agora. “Fique muito abalada.”

Catorze alunos evangélicos do 2º e 3º ano do ensino médio se recusaram a apresentar na feira cultural um trabalho sobre cultura africana porque acharam que seria uma ofensa a sua religião e aos seus princípios morais. Eles propuseram uma dissertação sobre “As missões evangélicas na África”, e a escola rejeitou.

“O que eles [evangélicos] queriam apresentar fugia totalmente do tema”, disse Raimundo Cleocir, coordenador adjunto da escola.

No entendimento da evangélica Wanderléa Noronha, o trabalho proposto pela escola exporia a sua filha a religiões de matriz africanas, com o que ela, a mãe, não concorda. “A discriminação aconteceu conosco”, disse. “Por que não pode haver espaço para a religião evangélica na feira?”  Ela disse que a sua filha sofreu 
bullying por não aceitar a fazer o trabalho.

O aluno Ivo Rodrigo disse que o tema “conhecendo os paradigmas das representações dos negros e índios na literatura brasileira, sensibilizamos para o respeito à diversidade” contraria a sua religião. “A Bíblia Sagrada nos ensina que não devemos adorar outros deuses, e quando realizamos um trabalho desses estamos compactuando com a ideia de que outros deuses existem e isso fere as nossas crenças no Deus único.

O aluno Jefferson Carlos reclamou que foi obrigado a ler um livro de Jorge Amado, “chamado Jubiabá”, “onde um garoto tem amizade com um pai de santo”.  “Achei muito estranho isso, porque teríamos de relatar essa história no trabalho”, afirmou. “Queríamos apresentar de outro modo, sem falar sobre isso”.

Os evangélicos também criticaram a indicação para leitura de outros livros clássicos da literatura brasileira, como “Macunaíma”, “Iracema”, 
UbirajaraO mulatoTenda dos Milagres, e  Guarany, por abordarem homossexualidade, umbanda e candomblé.

Fonte: Paulopes

Nenhum comentário: