4 de abril de 2014

Campanha denuncia abusos sofridos em escolas públicas


Por Thiago Araújo

Higor Valente tem 25 anos e é professor de sociologia do Estado de São Paulo. Ele é gay e diz que já foi ameaçado pelo diretor de uma escola da rede pública onde trabalhou.
"Ser homossexual é uma ameaça ao meu emprego. Eu não tinha consciência disso tão forte, mas pelo alerta que eu recebi do meu último diretor... é. O fato de ser homossexual pode colocar meu emprego em risco muito mais facilmente do que se eu fosse heterossexual.", diz Higor em vídeo divulgado nesta quinta (3). Tá chocado? Não fique.
O vídeo com a denúncia é o início da campanha #TemAlgoErrado, promovida pela Apeoesp, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo.
A campanha foi desenvolvida a partir de uma pesquisa que rastreou os principais problemas que afetam a qualidade do ensino público em São Paulo. As opiniões colhidas são de toda a comunidade escolar, formada por alunos, pais e os próprios professores.
"Retratar as dificuldades dos professores gera força e urgência nas reivindicações dirigidas ao Governo do Estado, para que possam ser superadas as atuais deficiências da rede estadual de ensino", diz Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente do sindicato, sobre o principal objetivo da campanha da entidade.
A pesquisa diz que 57% dos professores e 70% dos alunos consideram sua escola violenta. E ainda completa: 37% dos professores já relataram casos de discriminação de vários tipos contra outros professores dentro das escolas. O estudo foi realizado em parceria com o instituto de pesquisa Data Popular.
O vídeo de Higor é apenas o primeiro de uma série de denúncias que serão divulgadas nos próximos dias no canal do YouTube dedicado à campanha. Se você é professor ou conhece alguém que seja, os relatos publicados usando a hashtag #temalgoerradoem qualquer rede social farão parte de um mural no site oficial.
Secretaria de Educação diz que não discrimina homossexuais
Procurada pelo Brasil Post, a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo disse que desconhecia a denúncia relatada no vídeo, mas que abriria uma sindicância para investigar o caso.
A assessoria garantiu que a Secretaria não interfere na maneira como os professores se referem à sua orientação sexual na relação com os alunos e colegas.
O órgão afirmou também que o governo tem uma política de inclusão clara: no último concurso para admissão de novos professores e diretores, por exemplo,travestis puderam se inscrever com seu nome social.
Outro dado é que desde 1996 o projeto de conscientização Prevenção também se Ensina define o que é orientação sexual: "A homossexualidade não é doença física nem problema psicológico. Hoje já se sabe que ser gay ou lésbica não é uma opção, porque não implica uma escolha."


Fonte: BrasilPost


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