Todo o dinheiro malbaratado na aplicação da ridícula “provinha” dos professores temporários não demorou para ir definitivamente para o ralo. Como todos já sabem, a prova foi anulada há um mês, em atendimento a uma ação movida pela APEOESP, que alegou a ocorrência de uma série de irregularidades na aplicação das provas (que incluem entrega de provas sem lacre, vários horários de início, erros nas inscrições e até o vazamento do conteúdo da prova de História!). Além disso, a liminar ordena o afastamento da nota da prova como critério de classificação para o processo de atribuição de aulas para o ano de 2009, por considerar que “esta avaliação repentina veio desprestigiar a especialização dos professores mais antigos da rede” e que “não se contrata quem já está contratado”.
Particularmente, sou favorável a uma avaliação que visasse à efetivação de professores que já trabalham a longo tempo na rede e que, ao mesmo tempo, facilitasse o ingresso de novos professores, impedindo que se atribuíssem todas as aulas para aqueles com mais tempo de exercício. Afinal, por que é que, mesmo para os professores efetivos, as notas obtidas nos concursos de provimento de cargo não são computadas como pontos para as atribuições de aulas? As notas do concurso não valem absolutamente nada nessa hora! Não digo que os professores mais velhos não devam ter seus privilégios, mas tampouco é justo que o tempo de exercício se sobreponha totalmente à capacidade demonstrada na avaliação.
O ponto mais criticável da “provinha” não era o desprestígio dos professores “mais antigos”. Estes já estão mais que desprestigiados a partir do momento em que não têm as condições mínimas de aperfeiçoamento que lhes permitiriam ser efetivados (o que, convenhamos, também não seria mais que sua obrigação, em condições normais). Realmente lamentável é que a avaliação não visava efetivar os professores temporários, nem garantir a eles qualquer melhoria nas condições de trabalho. Seja como for, a “provinha” apresentava um ponto positivo: sem desconsiderar o tempo de exercício dos professores “mais antigos”, conferiria uma pontuação extra aos mais capacitados, o que facilitaria o acesso dos professores mais jovens, equiparando-os aos primeiros.
Para o sindicato dos professores, que nunca mostrou qualquer preocupação com aqueles que estão tentando ingressar no magistério, esse foi seu presente de Natal. Enquanto isso, os ingressantes continuarão lá no final da fila, sem motivo nenhum para festejar. Os professores mais competentes continuarão sem nenhum reconhecimento e o nosso dinheiro continuará descendo para o esgoto. Feliz 2009!
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