8 de janeiro de 2011

"Professor Verdade" discute Jornal da APEOESP

Reproduzo abaixo uma carta desse que se alcunha "professor Verdade", dirigida à APEOESP. Conquanto seja estranho um pseudônimo tão pretensioso, a reflexão que ele propõe é interessante.

Prezados Senhores Sindicalistas,

Foi com muita tristeza que li o jornal [da APEOESP, de dezembro último]. Sim, pois, como bem sabem, estamos em recesso escolar e posteriormente de férias. Ora, desejamos nesses momentos descansarmos tão somente! E, deixarmos para 2011 as preocupações daquele ano. 2010 foi um ano difícil para nós, professores. Muitas lutas travadas. Muitos colegas saíram bastante feridos, machucados, doentes, neuróticos, entre outros fatores relacionados à educação. Deixem-nos, portanto, curtir nossos momentos de relaxamento!

Mas, em resposta a manchete do referido jornal ["Com autoritarismo e políticas excludentes, ANO LETIVO NÃO COMEÇA", proposta reiterada no editorial e nas páginas centrais], quero ressaltar que nossa briga não é com o governador do estado! Bem sei que é ele quem comanda o estado, porém devemos partir para uma nova frente de batalha! Devemos concentrar nossos esforços junto a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. São os deputados estaduais que elaboram as leis e as aprovam ou não. O governador pode até elaborar uma lei ou projeto de lei, decreto etc, mas sem a Assembleia o apoiando, tudo será em vão. Temos um representante na A.L., o deputado e professor Carlos Gianazzi. Porque não procurar pelo mesmo, conversar, elaborar propostas concretas para que sejam debatidas na tribuna e votadas?

O professorado paulista já está cansado de greves que não resultam em nada. De saírem de suas casas e serem impedidos de chegar ao seu destino, pois outros fatores os proibiram disto! Vivemos um período de diálogo. Assim sendo, vamos dialogar! Falar com aqueles que apóiem verdadeiramente a causa e juntos traçarmos estratégias mais inteligentes para alcançarmos os objetivos desejados. Se este é o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, então chegou o momento de agir como tal. O professor age com sabedoria! Ele trabalha com as mentes das pessoas! Muda e cria novos conceitos! Quebra paradigmas! Ora, então se isso realmente for verdade, para que serve a greve?

Senhores sindicalistas, é preciso pensar com sabedoria! Não basta apenas juntar milhares de pessoas em protesto pela avenida paulista e atrapalhar o trânsito daquele local, que já bem caótico. Nem tampouco gritar palavras de ordem ou escrever inúmeros cartazes, jogar papéis nas ruas, distribuir panfletos, colocar adesivos, entre outros. A guerra é vencida com a inteligência não com força bruta. A sociedade deve lutar ao lado da categoria e não contra ela. Observe bem o exemplo de Gandhi quando conquistou a independência da Índia. "Sempre lutar pela não violência".
Pergunto-lhes, portanto: o que é violência?

Entendo que ao publicarem tal jornal, desejavam fazer uma retrospectiva das lutas da categoria durante o ano de 2010 e prepará-la para o ano seguinte. Porém as propostas já não estão sendo bem aceitas. Há muitos colegas que chegam a discutir (para não falar brigar) com colegas representantes da APEOESP, quando estes pedem um minutinho do tempo para discursar! Não deveria ser o contrário? Não deveríamos nós aguardar as novas com entusiasmo? E sermos agradecidos pelas medidas tomadas? E por que isso não ocorre? Sinto pena dos colegas que tentam apenas informar e são descartados tão grosseiramente. Às vezes ouço dizer: "nossa categoria não é unida!" É verdade! Não há união na educação.

Talvez, agora seja o momento para se reverem conceitos e valores. Para estudar, discutir, propor novas ações. Falar com todos os envolvidos no processo educativo e ouvir o que têm a dizer. Em segundo momento, informar o resultado da conversa e das sugestões e/ou críticas; e em terceiro momento agir de modo a atender a maioria ou a totalidade (dependendo dos resultados obtidos e das ações tomadas). Somente assim, creio eu, haverá "união" da classe, sem interesses partidários ou econômicos.

Ainda não sou sindicalizado, por não acreditar no modelo de sindicato hoje vigente. Se ele mudar, posso mudar meu modo de pensar e agir.

Um grande abraço,
Prof. Verdade

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