12 de março de 2010

Cala a boca, Dimenstein!

Charge de Arnaldo Martinez


Um tal de Gilberto Dimenstein, que em outras épocas chegou até a receber prêmio Jabuti, teve coragem de escrever um pequeno amontoado de baboseiras contra a greve dos professores. Ele considera um “problema gritante” que, entre as reivindicações da categoria constem “o fim das normas que reduziram a falta dos professores (podia-se faltar até 130 dias por ano), o exame para professores temporários, a nota mínima para os concursos, a escola de formação de professores (o novo professor tem de passar num curso de quatro meses antes de dar aulas) e, enfim, o programa que oferece aumento salarial para quem for bem em provas”.

Sr. Dimenstein, procure entender mais claramente as questões sobre as quais opina.

1) O professor sempre teve direito a apenas 6 faltas abonadas por ano; as faltas médicas nunca foram remuneradas. O fato de dois ou três professores denunciados pela mídia terem conseguido atestados médicos fraudulentos para faltar 130 dias ao longo de um ano constitui crime e deveria conduzir a um processo administrativo, e não a uma legislação que restrinja o número de faltas médicas a 6 por ano. Agora um professor que realmente precise faltar mais de 6 dias por razões médicas será injustamente punido.

2) Ninguém é contra a submeter os professores temporários a um exame, mas sim ao caráter desse exame, que não tem valor de concurso e, portanto, não efetiva os temporários. Assim, eles são obrigados a fazer a avaliação sem ganhar absolutamente nada com isso. Só ganham punição se não fizerem.

3) A escola de formação para professores seria uma ideia louvável, se não servisse apenas para adiar por mais um ano a contratação dos concursados. Por que não então um curso com duração de um ano, em vez de só quatro meses, e com vencimentos integrais para os futuros contratados?

4) Diferentemente do que o Sr. afirma, o aumento salarial não é oferecido a quem for bem nas provas, mas sim a no máximo 20% deles, o que fere o princípio da isonomia. Há muito tempo que se luta por um plano de carreira decente, com mais degraus que permitissem ao docente evoluir, tanto por tempo de serviço como por via acadêmica ou por atividades como cursos, publicações etc. Ao invés disso, o governo quer extinguir a evolução por tempo de serviço! Concordo que o professor tem de se aperfeiçoar constantemente. Mas para isso o governo deveria oferecer, ao invés de uma prova, cursos dirigidos a esses profissionais, e salário digno para toda a categoria, que lhes permitisse ao menos reservar algum tempo para os estudos. Data maxima venia.

2 comentários:

Anônimo disse...

É importante lembrar ainda que o aumento salarial proposto tem outros critérios além de nota em prova,como, por exemplo, que professor não pode ter faltado ainda que por necessidade médica sua ou de seus familiares.

A questão da isonomia é fundamental, professores que atuem na mesma função e com mesma carga horária não podem ter salários diferentes. É sugestivo que a categoria entre com uma ação judicial coletiva. Qualquer argumento que fira isonomia fere os direitos dos professores. É muito difícil que esses argumentos tenham êxitos em demandas judiciais.

Mauro Bartolomeu disse...

Tem toda razão, Anônimo.