25 de fevereiro de 2012

Por que tanta licença na educação de SP?

Por Adelson Lara

Vou tentar tecer um comentário simples e consistente de um problema que se alastra há algum tem na educação pública do Estado de São Paulo: o grande número de licenças à saúde.

Notamos diariamente que em todas as escolas públicas do Estado de São Paulo, temos atribuições de aulas para professores com licença à saúde, ou quando não há a atribuição (que só pode ser concedida para licenças superiores a 15 dias), estão os professores substitutos (os eventuais). Muitos criticam, mas não tentam entender o que acontece de fato.

Há alguns anos (se não me engano, em 2008) em uma greve conversei, juntamente com a Professora Cida Maschio, com um assessor do Deputado Estadual Samuel Moreira (então líder do governo na Assembleia Legislativa). Nesta greve reivindicávamos aumento salarial, menos alunos por turma (para dar mais qualidade ao ensino) entre outras, e o assessor do nobre Deputado disse que ficava difícil defender os professores porque havia muita falta e licença à saúde e isto onerava os cofres públicos. O nobre assessor só “não sabia” ou não “não queria saber” dos reais motivos destas licenças.

Vamos aos motivos: O professor tem uma carga horária com alunos muito puxada, pois mal sobra tempo para ele analisar de fato o caderno do aluno, o aprendizado (pois há um número grande de aprendizes em sala), sendo assim uma educação superficial, só não é tão superficial porque a maioria absoluta dos docentes ficam até tarde da noite, sábados, domingos e feriados preparando aulas e corrigindo atividades, o que já leva a um stress tremendo. O governo reluta e procura números para não cumprir a Lei do Piso Salarial, que diz que o professor, com carga integral, tem que ficar 26h/aula com aluno, 6h/ aula em reuniões pedagógicas e 8h/aula em local de livre escolha para aprimoramento, estudos, correções de atividades entre outros.

Além do exposto acima o salário do professor do Estado de São Paulo, o mais rico economicamente da Nação, paga menos que o Distrito Federal, Roraima, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Amapá, por exemplo. E muitos docentes têm que ter um segundo emprego para poder suprir suas necessidades e sanar suas dívidas (grande parte tem empréstimos junto ao Banco do Brasil e outras instituições). Além disso, os professores da rede estadual não são celetistas, ou seja, se não for concursado e não conseguir aulas (que são atribuídas anualmente), ou pedir demissão não tem direito ao fundo de garantia ou seguro desemprego. Isto causa um stress muito grande, levando muitas vezes à depressão, pressão alta e muitos chegam ao infarto.

Imagine você, que está lendo este artigo agora, ficar 32h/aula dentro da sala, sendo muitas vezes desrespeitado, xingado, ouvindo gritarias de alunos quase que o tempo todo, sacrificando finais de semana, feriados e horas de sono. O organismo da pessoa muitas vezes não suporta e ele acaba ficando doente. E ai vem o governo do Estado (Sr. Alckmin) e coloca que o professor só pode faltar para ir ao médico 6 vezes ao ano, sendo que não pode ser mais do que 1 vez ao mês (isto pra quem é efetivo e tem carga horária integral (40h).

Concluindo, como já disse o Senador (enquanto Ministro da Educação) Cristovam Buarque, o professor do Ensino Básico quanto mais tempo passa, mais fica desgastado, e o professor Universitário quanto mais tempo passa, melhor ele fica. Lembrando que a Educação Básica tinha que ser mais valorizada, pois assim com uma casa precisa de um alicerce, a educação é o alicerce para o conhecimento, tudo e todos os que tem uma profissão de alto nível passaram pela Educação Básica.

Fonte: Adelson Lara

2 comentários:

Profdiafonso disse...

Caro Prof. Mauro Bartolomeu, boa tarde.

A propósito de seu comentário no Blog Terra Brasilis, gostaria de dizer que concordo plenamente com os argumentos que você expôs.

Grande abraço e grato pelo comentário.

Mauro Bartolomeu disse...

Obrigado pela visita e pelo comentário, Diógenes. É claro q a minha censura era bem pontual a uma afirmação do cientista, e não ao seu blog. Abraço!