9 de setembro de 2012

A propósito da "Independência"


O que se pretende ensinar às crianças colocando-as para marchar no 7 de setembro? Conforme aprendi com o amigo Alexandre, na página Rio Preto Cult, a data começou a ser comemorada em 1830, já que até então celebrava-se era o 12 de outubro, dia em que D. Pedro tornou-se imperador. Além do que essa nossa independência foi uma independência de fachada, que manteve no poder o descendente legítimo da coroa lusitana... 
Mas, para além de tudo isso, que valores e atitudes transmitimos aos nossos alunos colocando-os em fileiras separadas por um braço de distância, marchando ao ritmo repetitivo de uma bateria? Certo me responderão que neles se incute a disciplina e a obediência, tão escassas nos dias de hoje. Se isso de fato melhorasse o seu comportamento em sala de aula, seria sem dúvida uma atividade louvável. Isso, porém, é bastante duvidoso, e essa obediência, conquanto seja uma virtude muito cultivada no âmbito militar, não tem razão de o ser fora dele. Espera-se que o membro das forças armadas obedeça cegamente às ordens dos seus superiores, mas um dos objetivos da educação básica é formar cidadãos questionadores, e não robozinhos programados para obedecer sem crítica. Visto por esse ângulo, as comemorações cívicas, bem como os hinos e os pais-nossos  entoados no início das aulas, prestam um desserviço à educação. Lembremos o que disse Einstein a esse respeito: “detesto quem é capaz de marchar em formação com prazer ao som de uma banda. Nasceu com cérebro por engano; bastava-lhe a medula espinhal”. Fica a reflexão.


Um comentário:

Alexandre de Freitas - graduado e pós-graduado em ciências humanas. disse...

Grande Maurão, fez uso louvável das poucas palavras que escrivi. Foi mais profundo e crítico, é justamente isso meu caro, disciplina até nas formas de pensar e reinvindicar.
Grande abraço meu amigo.